A vida e o mundo
Eu te imploro perdão vida, embora o meu amor pelo mundo
seja mais ardente do que por ti.
Embora o meu amor é a simples esperança pela vida,
eu te peço perdão por não saber te amar.
Por ser egoísta e pensar em mim próprio e me esquecendo que a vida é uma jóia rara
sendo o mundo um abismo violento e sangrento.
Peço-lhe perdão vida por não saber viver-te.
Peço-lhe perdão por viver o mundo violento e destruir dentro de mim o amor que sinto por você.
Das horas que te amei, fiz delas as mais cruéis...
Amava-te com ódio e rancor
porque ao mesmo tempo que me rastejava aos teus pés
colocava em meu pensamento o desejo de te matar
colocava em mim o gostinho da crueldade.
Portanto o meu pensamento estava vagando a procura de uma lama inocente
para sangrar teu coração, arrancar o dom divino de viver, aperta-la em meus dedos
e triunfar teu coração em minhas mãos, acabar com ela
friamente e da forma mais cruel possível.
Através do bem e do mal,
da ciência e da psicologia
pude definir-me como um ser impotente e invejoso perante tanta beleza e perfeição.
Eu sou o mundo violento e este mundo me afasta
das maravilhas e de viver e da vida harmoniosa.
Não que o mundo seja algo ruim ou mesmo desprezível
é que ao invés de viver plenamente as maravilhas ofertadas
procuramos construir um mundo impossível de se viver.